Palavra de Dom Orani
O nosso país é, frequentemente, reconhecido pelo descaso com os acervos que guardam dados fundamentais para o resgate da nossa história. Seja pelas crises econômicas que restringem as verbas, ou pelo desinteresse que é fruto do desconhecimento da importância de tantas obras, ou ainda pela imprudência de se relegarem prioridades culturais para um segundo plano, o fato é que temos a lamentar diversos acidentes previsíveis e contornáveis que, infelizmente, deixam para trás perdas de valor incalculável.
Diante de tantas situações, a preservação do nosso patrimônio histórico e cultural é uma tarefa que nos compete de forma irrenunciável, se queremos deixar para as futuras gerações o legado de nossa identidade como povo e nação. No que concerne a acervos de cunho religioso, como os nossos, a tarefa reveste-se, também, de um compromisso com a transmissão da fé, que nos é conferido como missão, enquanto seguidores de Jesus Cristo.
A cidade do Rio de Janeiro usufruiu da condição de capital do nosso país desde os tempos de colônia portuguesa, passando pelo Reino Unido a Portugal e posteriormente do Império do Brasil, até chegarmos à República, quando, em 1960, a capital foi transferida para Brasília. Isto nos proporcionou um acentuado desenvolvimento artístico, do qual destacamos a arte sacra, com seu acervo ligado à Igreja Católica. Além do nosso Museu Arquidiocesano de Arte Sacra, encontram-se em nossa cidade templos de grande valor histórico e arquitetônico, bem como peças de escultura e pintura que refletem a riqueza e variedade deste tipo de arte trazida para o Brasil e também desenvolvida pelos nossos artistas.
Nossa Arquidiocese tem uma grande preocupação com a conservação dos seus acervos, que é mantida com dificuldades, em função dos altos custos, mas que temos como prioridade, tanto pelo aspecto afetivo de ligar o nosso povo às raízes da sua fé, como pelas normas do Direito Canônico e outras orientações da Igreja que regulam essas iniciativas.
Desejo, portanto, deixar aqui registrado o nosso agradecimento ao Curador, Pe. Silmar Alves Fernandes, e aos demais membros da Comissão que colaboraram para o êxito deste serviço à Igreja. E também manifestar a nossa gratidão pelos esforços assiduamente dedicados a resguardar as riquezas materiais e espirituais que nossos predecessores nos legaram.
Cardeal Orani João Tempesta
Presidente da Comissão de Preservação do Patrimônio Histórico
e Cultural da Arquidiocese do Rio de Janeiro e seu Interesse