Igreja de São Francisco da Prainha
Igreja São Francisco da Prainha
Largo de São Francisco da Prainha, 15 - Saúde
20081-270 - Rio de Janeiro, RJ
Tel(s): (21)2571-6242
Igreja de São Francisco da Prainha
OrdemTerceira de São Francisco da Penitência
Descrição: Dominando o Largo da Prainha, mais precisamente no pequeno Largo de São Francisco da Prainha, está edificada a lendária Igrejinha de São Francisco da Prainha, na rua Eduardo Jansen, uma ladeira na Saúde, que começa na rua Sacadura Cabral, próximo à Praça Mauá.
Esse pequeno templo tem ativa participação nos registros históricos da Cidade, com curioso passado. A Igreja tem construção simples, originalmente barroca.
Histórico: A história da lendária Igrejinha de São Francisco da Prainha se perde na noite dos tempos, já que nenhuma documentação confiável restou de sua origem. Todavia, existe uma referência a seu dedicado benfeitor, o prelado português Pe. Francisco da Mota, possuidor de vistosos bens e imóveis na Cidade, entre eles a propriedade do templo. Ao falecer em 1704, legou todos os bens à Ordem Terceira de São Francisco da Penitência.
De seus bens constavam a Capela, no Largo de São Francisco, um trapiche na beira da praia (naquele tempo o mar chegada até onde hoje é a rua Sacadura Cabral), 51 escravos e várias casas e terras nas redondezas. Tal fato nos leva a crer que, provavelmente, a Capela foi de fato construída em fins do século XVII, pelo próprio Pe. Francisco da Mota, que ao doar o templo à Ordem, já o tinha em seu testamento, amparado por todos os requisitos legais.
A vida na colônia corria normalmente, até que em 1710 o Brasil foi surpreendido pela chegada da expedição francesa, comandada por Jean François Duclerc, que invadiu a Baía da Guanabara e ameaçava saquear a cidade, já que dispunha de recursos militares bem superiores aos da defesa das tropas portuguesas.
O governador da Cidade, Francisco de Castro Moraes, receoso que os franceses que já haviam desembarcado se fortificassem no Morro da Conceição, ordenou que se incendiasse a Capela e o trapiche, ou seja, a Capela de São Francisco da Prainha foi destruída. Os franceses iniciaram o ataque e a pilhagem, destruindo também inúmeros arquivos públicos e particulares, realizando incríveis cenas de vandalismo.
O povo, aturdido, despertou para a reação, conseguindo superar sua inferioridade em armas e desbaratando as tropas francesas. Todos os soldados vivos foram aprisionados, inclusive Duclerc, recolhido à prisão no Colégio dos Jesuítas (no antigo Morro do Castelo). Não durou muito e Duclerc foi posto em liberdade sob vigilância.
O povo não entendeu e não concordou com a benevolência do Governador para com o comandante francês. Certa noite, na casa em que Duclerc passou a residir, na rua da Candelária esquina com rua dos Escrivães (depois rua do Sabão e rua general Câmara, desaparecida na construção da Avenida Presidente Vargas), o capitão francês foi assassinado por quatro indivíduos embuçados, cuja identidade nunca foi possível estabelecer.
Passados 28 anos, a Mesa Administrativa da Ordem, que gerenciava a antiga Capela, determinou a restauração do Templo da Prainha, solenemente inaugurado em 1738. A Capela, de estilo barroco, foi reformada em 1910. Antigamente, quando se celebrava o dia de Nossa Senhora dos Navegantes, cuja imagem ficava ao lado da epístola, os pescadores levavam à Capela um barquinho, que era colocado na base da imagem, sendo trocado somente no ano seguinte.
Tal celebração se repetiu por muitos e muitos anos, mas não existe mais, nem a imagem de Nossa Senhora dos Navegantes. No ano de 1846, a Capela da Prainha recebeu a arca de vidro contendo a imagem da Virgem Mártir Santa Prisciliana, imolada pelo imperador Juliano – o Apóstata, que veio de Roma cedida pelo Papa Gregório XVI sob a condição de ser exposta publicamente, posteriormente na Igreja de Sant’Ana. Atualmente a imagem está em Capela própria na Igreja de Sant’Ana.
A Igreja de São Francisco da Prainha não é uma Igreja Matriz, mas é enfocada em nosso trabalho por sua reconhecida historicidade. É pequena, tendo capacidade apenas para 70 fiéis sentados. No local, há uma Escola Padre Doutor Francisco da Mota, mantida pela Ordem Terceira de São Francisco da Penitência. A igreja está ligada à Paróquia de Santa Rita. O que resta da fachada é em estilo barroco jesuístico.
Fonte: Templos Católicos do Rio de Janeiro, Orlindo José de Carvalho – Manual, 2009