Igreja de Santa Cruz dos Militares
Igreja de Santa Cruz dos Militares
Rua Primeiro de Março, 36 - Centro
20010-000 - Rio de Janeiro, RJ
Tel(s): (21)2509-3878
Igreja de Santa Cruz dos Militares
Irmandade da Santa Cruz dos Militares Descrição: Na rua 1º de Março, esquina com a rua do Ouvidor, no Centro do Rio, ergue-se a Igreja de Santa Cruz dos Militares, uma das mais belas Igrejas Históricas de nossa Cidade. Em seu bonito estilo barroco mineiro, com fachada neoclássica, a primeira manifestação desse estilo no Brasil, marca o sentimento religioso dos militares brasileiros desde os primórdios de nossa formação nacional. O templo é uma réplica da Igreja Gesú de Roma.
Histórico: Em 1623, havia no local onde hoje se encontra a Igreja de Santa Cruz dos Militares uma pequena Capela no Forte de Santa Cruz, construída em 1605 para a defesa da Baía da Guanabara, pois àquela época as águas da Baía chegada até suas muradas.
O Forte foi erguido em 1580 e desde então passou a existir ali a referida Capela. Com o tempo, o Forte envelheceu e já estava em ruínas. Seus oficiais resolveram apelar para o governador Capitão Martim de Sá no sentido de ser ali construída uma ermida, onde pudessem ser sepultados os militares. Com a permissão, iniciaram logo as obras, e o pequeno templo ficou concluído em 1628, com o nome de Igreja de Santa Cruz.
Para tanto, formou-se uma Irmandade com contribuições dos oficiais superiores, dos subalternos e dos soldados rasos, sendo eleito para juiz e provedor o Governador Capitão Martim de Sá. Os navegantes e os comerciantes das imediações passaram a festejar seu padroeiro, são Pedro Gonçalves, na Igreja da Santa Vera Cruz e, mediante um acordo, tiveram direito à metade da Ermida, com a obrigação de concorrerem com as despesas da Igreja.
Em princípios do século XVIII, a Igreja de São Sebastião, no antigo Morro do Castelo, que servia de Sé da Cidade, encontrava-se quase em ruínas. O Bispo se dirigiu à Igreja de Santa Cruz no sentido de serem ali realizados os ofícios religiosos da Sé, elevando a Igreja à condição de Catedral. Tal fato foi comunicado ao Rei em 13 de setembro de 1703, tendo o beneplácito real.
Logo surgiram divergências com os militares, e essa condição vigorou apenas por um ano e meio, até 1704. Em 1716, o então Governador da Cidade, General Francisco de Távora, por carta de Sesmaria, mais tarde confirmada pelo Rei de Portugal, D. João V, cedia à instituição o terreno da Ermida e as terras que fossem ficando nos fundos pelo recuo do mar. A Igreja de Santa Cruz dos Militares foi Sé por três anos (1734-1737). Em 1737 a sé do Rio de Janeiro foi transferida para a Igreja dos Carmelitas.
Em 1760, a Ermida se achava em condições muito precárias, sujeita a desaparecer. Foi demolida em 1777, para a construção de um novo templo. Anos depois, em 1780, começou a construção definitiva da nova Igreja, mediante um acordo com os festeiros de São Pedro Gonçalves, que apresentava condições: ser-lhes permitida uma festa anual e que a imagem de seu padroeiro tivesse um altar no novo templo. A primeira pedra da construção foi colocada em 1º de setembro de 1780, e os trabalhos tiveram início sob a direção do Brigadeiro Custódio de Sá e Faria.
Só em 1811 foi concluída a Igreja, com a denominação de Santa Cruz dos Militares. Ainda em 1811, houve a sagração com missa solene e grande assistência, inclusive do príncipe regente D. João, que recebeu o título de seu Protetor Perpétuo. A Irmandade foi considerada Imperial, por decreto de 3 de dezembro de 1828, tendo sido D. Pedro I declarado também seu protetor Perpétuo. Este título, D. Pedro II transferiu para si, em 1840, antes de sua ascensão ao trono.
Em 1845 foi instituída a devoção do Senhor do Desagravo, que teve origem em um fato ocorrido durante os reparos da pintura em que um operário insultou a imagem do Nossa Senhor Morto e foi castigado com grave doença. No dia 1º de agosto, foi encontrado completamente curado, abraçado à imagem de Nossa Senhora das Dores. O Bispo, D. Manoel do Monte Rodrigues de Araújo, realizou e no dia 12 do mesmo ano, uma ação de desagravo pela ofensa à imagem de Cristo, e o operário Augusto Frederico Ribeiro, de joelhos, pediu perdão por sua ação impensada, proferindo palavras de arrependimento.
Desde esse dia, comemorou-se nessa data, a cerimônia do Desagravo, hoje abolida. O templo não é Igreja Matriz, mas é uma das importantes Igrejas Históricas do Rio. Tem capacidade para 143 fiéis sentados. Desenvolve programa de assistência social e comunitária através do Centro Social Marcílio Dias, na localidade da comunidade Kelson. A Igreja está ligada à Paróquia de Nossa Senhora da Candelária. A Igreja foi agregada ao Vaticano pelo Papa Pio XI em 1923.
Fonte: Templos Católicos do Rio de Janeiro, Orlindo José de Carvalho – Manual, 2009
Observações: A Irmandade da Santa Cruz dos Militares informa que ainda não foi feito um levantamento documental sobre a formação da Irmandade no período colonial. O acervo que está sob a guarda da confraria é constituído por documentos a partir de 1793. A informação sobre o evento acerca do Cristo Desagravado em 1845 foi descrita no jornal "A Noite", de 17 de setembro de 1951 e o nome do artesão que teve a experiência ligada ao Cristo Morto da Igreja é Augusto Frederico Correa.